Olhando aquele espaço
Vazio de ressequido restolho
O que podia ser regaço
Da mãe natureza
Cru, seco vazio, vazio
Com um veio de água, uma tristeza
Chegara a TV a Portugal
E o Arneiro de triste singeleza
Estava na adolescência
Conseguira um trabalho em beleza
Concerto de estrada
Lourinhã a Ribamar, uma grandeza
Passava ao pedaço do Camarão
Jamais esquecia Pedrógãos
O luar da Eira o cultivo vinícola do Fanfarrão
Mas meus deuses
O espaço do Arneiro vazio e sensaborão!
Perpetuava-se um pecado
Com o caudal de água à mão
Com o caudal de água à mão
Dum sonho meu nasceu
Uma clandestina horta, um senão
O Aneiro havia de ser trabalhado
Ao Domingo e ao serão
Um dia, o pai Zé
Ao Domingo na tasca
Que se veio a transformar em café
O segredo estoirou, alguém o abordou
Que maravilhosa horta tens Zé!
E o Arneiro ali à mão
Bonito? Não dera Fé!
De quem o alertara não duvidou
Ficara como louco
A tradicional enxada afagou
Foi visitar o Arneiro
O Arneiro o deslumbrou
Do feito do petiz
Ficara feliz e tacitamente colaborou
Viera a mobilização para guerra de África
Três anos, a erosão, o sonho secou
Ao ver de novo o seco restolho
Fez-se luz, outro sonho, o de Lisboa restou
A horta foi lição
Dez anos depois, de degrau em degrau
Outro mundo, o das letras era o campo então
De vida, aos vindouros
De várias, que não se usam, vivi, deixo uma lição
Era petiz de dezassete anos
Foi sonho ontem, sonho vivido então
12 comentários:
Muito interessante! Bem descrito e poético. Gostei das fotos.
Em meio a um lugar inativo a idéia de uma horta. Muito lindo. A sensibilidade de quem ama a terra e sabe que ela recebe o presente de mãos amáveis. Legumes nascem a enfeitar como agradecimento. Adorei amigo, não há guerra que tire de um homem seu bem querer quando ele é bom. bjs
Olá, amigo!
Em meio à rudeza/aridez cultivar esta Horta:
"De vida, aos vindouros
De várias, que não se usam, vivi, deixo uma lição
Era petiz de dezassete anos
Foi sonho ontem, sonho vivido então"
É magnífico!
Beijos, Poeta
Bom Dia,
Rê
Belissimas fotos e belissima descrição de uma vida, de uma construção poetica de sentimentos e passagens...abraços amigo e um belo dia pra ti.
Daniel
Que maravilha de poema.
Adorei as fotos.
Beijos.
Daniel,
Lindas as fotos, e o poema descrevendo tão bem a agilidade de mãos que buscam a terra fertilizar.
Adorei.
Beijos
Lindo poema, quem tem amor pela vida sempre cria, seja hortaliças, crianças ou palavras.
Obrigada pela visita e pelo comentário. Com certeza você é um homem de alma grande.
beijo amigo
Abraços fraternos pra ti amigo e um belo dia de paz...
Daniel,
Meu querido amigo,
Adoro falar de amor, amor dos amantes, dos namorados, dos amigos,
das pessoas queridas.rsss
Um bom dia de um mundo que mesmo sem nos conhecermos me enche de Paz e alegria, quando recebo carinho, carinhos altruístas, sinceros e com Muita Luz!
Um bom dia de um mundo de amor mesmo que seja um amor de sonho!
Um bom dia de alguém que gosta de você..
Beijos no teu ♥
Adorei os tomates, lembrei daqueles tomateiros clandestinos que nasciam no pátio, porque as crianças colocavam fora os restos, e as sementes germinavam, e quando menos se esperava, lá estavam os tomatinhos, vermelhos, totalmente naturais, tinha até pena de colher...
Um abraço
Meu grande amigo, deixando aqui um forte abraço pra desejar um maravilhoso final de semana pra ti, cheio de paz e muita inspiração...ontem te encontrei no orkut e mandei o convite, não sei se recebeu....
Daniel,
Pau para toda a colher.É bom saber fazer um pouco de tudo.
Coisas que se vão também aprendendo durante a vida.
A o ver a foto do feijão verde, ainda não o consigo semear. Corto-os aos bocadinhos, coloco-os na terra fértil, e eles nunca nascem.não sei porquê!
Mas hei-de conseguir!
:)
Abraço
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