RECORDAÇÃO
Vou contar um segredo
Sentia frémito, suave vibração
Quando fui guardador de patos
Com a manada ia para o Val Medo
Ninhadas do tipo marrecos *
A mãe sempre criava
Em procura no ciclo da carôcha **
Do guardador porfiava
Na imensidão do campo
Guardar agradava
O mar em frente
No princípio do Verão
Os patos deglutiam o molusco
Com sofreguidão
O pastor olhava patos e vastidão
Podia entregar-se às nostalgias
Muito comuns então
Sonhava com outro mundo
O eterno desconhecido
Seria melhor de antemão
Aquele não o sentia cruel, não
Seria como um universo de papel
Ali andavam os patos
Não se cansavam
Sempre direitinhos
Engordavam como calmos gaiatos
Pareciam gostar da gamela
Muito juntinhos
Não precisavam de trela
Até que valiam vinte paus
Comprava-os o regateiro ***
O que, na sua carroça
Aparecia primeiro
O guardador ainda criança
Saberia ser feliz…
Agora, talvez um bom petiz!...
Daniel Costa
NOTAS:
* Raça de patos comuns
** Chama-se assim à caracoleta no concelho de Peniche
*** Corresponderia ao almocreve
COMO ESTOU SOLIDÁRIO, PELA AMIZADE, DA GRANDE POETISA, FÁTIMA GUERRA, CONFORME O MOVIMENTO QUE SE GEROU, PELA SUA SAÚDE, FICA LINK DA SUA EXELENTE POESIA. ABRA POR FAVOR, VALE A PENA
http://fatimaguerra-melliss.blogspot.com/
13 comentários:
Obrigada grande amiga por tua ajuda! bjos no coração!!
Boa noite, Daniel
Muito interessante (para além de bonito) este teu poema.
Desconhecia por completo que os patos comessem moluscos, e nem sequer sabia que havia guardadores de patos...
Aprendi também o nome das caracoletas em Peniche; o termo regateira/o já conhecia.
Já me associei num outro blog à corrente de solidariedade pelas melhoras da Fátima. Também gosto muito da poesia dela.
Uma semana feliz. Beijinhos
Recordar... reviver.:)
Bjos.
Recordar... reviver.:)
Bjos.
Querido Amigo..
È sempre uma alegria ler seus poemas
mais não sabia que havia quardador de patos no Mundo.
Com certeza ai havia muitos patos
no Brasil tem é granja de galinhas .
Ou sera que entendi errado?
O poema esta lindo além de verdadeiro.
Uma linda noite beijos da sua amiga brasiliana,Evanir.
Bom te visitar e ler sempre um lindo poema. Gosrei muito da imagem da Ivete postada e de sua oarticipação a corrente do bem pela saude da Fatima Guerra.
Um grande abraço, com carinho e admiração
As recordações são suporte da vida,,,da base de amor que carregamos no peito,,,abraços fraternos de bom dia pra ti amigo.
Uma bela quinta feira pra ti meu amigo...abraços fraternos.
Olá Daniel,
Adorei o poema, além de aprender sobre os patos.
Beijos meu amigo.
Recordo na infância os patos (marrecos), aos quais se abria o portão do quintal e ala... rua fora até um pequeno curso de água.
Quando começava a escurecer, regressavam.
Sabiam onde podiam dormir.
Com eles iam galinhas e perus.
Nunca faltou nenhum.
Não havia o guardador... mas havia a noção dos animais.
Hoje que recordei esses tempos... senti uma ponta de nostalgia.
Um abração
Diz uma antiga música que recordar é viver.
Neste caso, mais do que viver, suas recordações nos rendem belos poemas e bons momentos de leitura, Daniel.
Obrigado por colocar o link para o blog da Fátima Guerra, uma oportunidade de conhecer uma outra maravilhosa poetisa que eu ainda não havia lido.
Abraços!
Querido amigo,
Através dos seus versos entramos nesta adoravel recordação e ainda aprendemos sobre! Obrigada amigo!
Beijos com carinho
Nunca fui apreciador de pato e até detestava a canja. Nem mesmo "cheia" de hortelã me deixava de saber a penas...
Há muitos, muitíssimos anos que não como.
Arroz de pato só como quando sou eu a cozinhar.
Não tolero qualquer gordura do bicho.
Por isso, amanho-o eu...
Maluqueiras... mas agora, nesta idade, não vou mudar
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