RECORDAÇÃO
Vou contar um segredo
Sentia frémito, suave vibração
Quando fui guardador de patos
Com a manada ia para o Val Medo
Ninhadas do tipo marrecos *
A mãe sempre criava
Em procura no ciclo da carôcha **
Do guardador porfiava
Na imensidão do campo
Guardar agradava
O mar em frente
No princípio do Verão
Os patos deglutiam o molusco
Com sofreguidão
O pastor olhava patos e vastidão
Podia entregar-se às nostalgias
Muito comuns então
Sonhava com outro mundo
O eterno desconhecido
Seria melhor de antemão
Aquele não o sentia cruel, não
Seria como um universo de papel
Ali andavam os patos
Não se cansavam
Sempre direitinhos
Engordavam como calmos gaiatos
Pareciam gostar da gamela
Muito juntinhos
Não precisavam de trela
Até que valiam dez paus
Comprava-os o regateiro ***
O que, na sua carroça
Aparecia primeiro
O guardador ainda criança
Saberia ser feliz…
Agora, talvez um bom petiz!...
Daniel Costa
NOTAS:
* Raça de patos comuns
** Chama-se assim à caracoleta no concelho de Peniche
*** Corresponderia ao almocreve
Vou contar um segredo
Sentia frémito, suave vibração
Quando fui guardador de patos
Com a manada ia para o Val Medo
Ninhadas do tipo marrecos *
A mãe sempre criava
Em procura no ciclo da carôcha **
Do guardador porfiava
Na imensidão do campo
Guardar agradava
O mar em frente
No princípio do Verão
Os patos deglutiam o molusco
Com sofreguidão
O pastor olhava patos e vastidão
Podia entregar-se às nostalgias
Muito comuns então
Sonhava com outro mundo
O eterno desconhecido
Seria melhor de antemão
Aquele não o sentia cruel, não
Seria como um universo de papel
Ali andavam os patos
Não se cansavam
Sempre direitinhos
Engordavam como calmos gaiatos
Pareciam gostar da gamela
Muito juntinhos
Não precisavam de trela
Até que valiam dez paus
Comprava-os o regateiro ***
O que, na sua carroça
Aparecia primeiro
O guardador ainda criança
Saberia ser feliz…
Agora, talvez um bom petiz!...
Daniel Costa
NOTAS:
* Raça de patos comuns
** Chama-se assim à caracoleta no concelho de Peniche
*** Corresponderia ao almocreve
18 comentários:
*
recordei,
os pantanos e campos de arroz,
da foz do Rio Alcoa, aqui na
Nazaré, patos e gansos, algum
flamingo e muitos cisnes,
nos invernos rigorosos, as
enxurradas rio abaixo, levavam
alguns patos para o mar, o mar
que os expulsava para o areal,
onde uma plateia de
dezenas de pescadores assistiam
á luta do pato com as ondas,
como sempre, o pato perdia,
e "dava" á costa esgotado,
o homem mais rápido recolhia-o,
nesse dia num lar de fome,
o "rancho" seria melhorado ...
,
um abraço, amigo,
,
*
Perdoai a minha ignorância. Um conjunto de patos... é uma manada?
Oie lindinho, enquanto lia seu belo poema, fui imaginando o campo e as maravilhas que ele nos oferece e fiquei encantada... Lindo! Infelizmente o tempo passa, as coisas mudam, mas ficam as lembranças, pra nos trazer saudade e a felicidade de termos vivido...
Beijos
Muito interessante o seu poema, Daniel. recordações da infância, de algo singelo: um pato. Resultou muito agradável.
Daniel, ontem pus um comentário no poema antecessor a este,dizendo que publiquei no Galeria. Queria que você lá fosse e deixasse a sua opinião.
Um abraço,
Renata
Oi, Daniel.
Boas lembranças nesse poema tão bonito.
Beijos.
Mas nos tempos de guardares patos, tinhas paz de espirito, e ansiavas conhecer o mundo, que mais tarde conheceste, e, quantas vezes, na guerra e Angola, não choraste com saudade do guardador de patos!...Beiinho d alaura..
Ó roderick, tás laró? please mano, manda são vacas, pássaros, revoada, patos deve ser patada ou pataria ehhh desculpa lá ; laurinha saindo cabisbaixa por não encontrar um termo apropriado para tantos patos, olha; patarecos..ahhh o que me ri, beijinho aos dois. laura..
A vida pede-nos coisas simples e directas.
Para bom entendedor ... só é necessário saber ler.
Gostei da resposta da Laura.
Sempre por cima ...
Caríssimo amigo, deixo-lhe aqui, para que conste e faça jeito a alguém, que saiba fazer poemas e saiba ler ...
SUBSTANTIVOS COLECTIVOS:
Alcateia (de lobos)
Armento (de gado grande: bois, búfalos)
Arquipélago (de ilhas)
Atilho (de espigas)
Banca (de examinadores) Banda (de músicos)
Bando (de aves, de ciganos, de malfeitores)
Cacho (de bananas, de uvas)
Cáfila (de camelos)
Cambada (de malandros)
Cancioneiro (conjunto de canções, de poesias líricas)
Caravana (de viajantes, de peregrinos, de estudantes)
Cardume (de peixes)
Choldra (de assassinos, de malandros, de malfeitores)
Chusma (de gente, de pessoas) Constelação (de estrelas)
Corja (de vadios, de tratantes, de velhacos, de ladrões)
Coro (de anjos, de cantores)
Elenco (de actores)
Falange (de soldados, de anjos)
Farândola (de ladrões, de desordeiros, de assassinos, de maltrapilhos, de vadios) Fato (de cabras)
Feixe (de lenha, de capim) Frota (de navios mercantes, de autocarros)
Girândola (de foguetes) Horda (de povos selvagens nómadas, de desordeiros, de aventureiros, de bandidos, de invasores)
Junta (de bois, de médicos, de credores, de examinadores) Legião (de soldados, de demónios)
Magote (de pessoas, de coisas) Malta (de desordeiros)
Manada (de bois, de búfalos, de elefantes)
Matilha (de cães de caça)
Matula (de vadios, de desordeiros)
Mó (de gente)
Molho (de chaves, de verdura) Multidão (de pessoas)
Ninhada (de pintos)
Plêiade (de poetas, de artistas)
Quadrilha (de ladrões, de bandidos)
Romanceiro (conjunto de poesias narrativas)
Ramalhete (de flores)
Rebanho (de ovelhas)
Récua (de bestas de carga) Réstia (de cebolas, de alhos)
Roda (de pessoas)
Súcia (de velhacos, de desonestos)
Talha (de lenha)
Tropa (de muares)
Vara (de porcos)
O bando de patos pode ser uma manada, como uma multidão de analfabetos pode ser um conjunto de muita gente.
O que interessa é que haja luar, para se poder vender ao recoveiro os patos doentes e ficar com os melhores.
Conheço marrecos. Temos muitos por aqui. São boas lembranças!
Um beijo pra ti Daniel
Obrigado pela visita e pelas belas palavras que me deixou, para mim foi muito importante.
Tenha uma boa semana cheia te amor.
Abraços. Eduardo Poisl
Olá Daniel,
Belo poema, recordar com palavras como estas não é somente poético.
È divino.
Abraços,
Cris
Oi Daniel.
Falar em pato só me lembrou desta música/poesia para a criançada:
"O pato
Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
La vem o Pato
Para ver o que é que há.
O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela."
Vinicius de Moraes
********
BOA NOITE E BONS SONHOS!!!
♥.·:*¨¨*:·.♥ Beijos mil! :-) ♥.·:*¨¨*:·.♥
Boas recordações que sempre tens, quando as lemos, vivemos um pouco disso também.
um abraço
Daniel,
Nossa !
Eua prendo sempre que venho aqui..
Sabe gosto de falar de amor, voce sabe disso ne??
rasrsrs
beijos
****************(¨`·.·´¨) (¨`·.·´¨)************
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********************** `·.¸.·´******************
Daniel:
Venho convidá-lo a conhecer o meu novo Blog destinado à publicação de produções que falem da(s) mulher(es) ou que sejam escritas por mulheres ou homens. Aceito contribuições.
Um abraço,
Renata
http://blogrenatafeminina.blogspot.com
Você pode contribuir com um poema seu, que continuará sendo seu
Caro Daniel,
as recordações são sempre tão lindas e nos deixam embevecidos, com um sorriso de orelha a orelha, e muitas vezes tão distantes do que realmente está ao nosso lado!
Também tenho saudades dos tempos que já não voltam, de voltar a ser criança e acreditar no Pai-Natal, de não ter que pensar no amanhã, e acreditar que no mundo tudo são coisas boas.
Que felizes que nós as crianças de antigamente eramos!
Parabéns pelo poema, viajei atrás no tempo e revi-me nos campos a brincar!
Beijinhos,
Ana Martins
"Pata aqui, pata ali,para acolá,
Daniel a guardar patos
foi coisa que nunca vi".
Também já fui pastor
Guardei uma cabrita aos 6 anos.
Os poemas estão como sempre...
Perfeitos
Abraço
VERDADEIROS AMIGOS SÃO COMO ESTRELAS
NEM SEMPRE OS VÊ, MAS SABE QUE ESTÃO LÁ....
UM ABRAÇO E BOM FINAL DE SEMANA
Desculpa, hoje foi só uma passada para dizer que nunca esqueço dos amigos...
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